terça-feira, agosto 29, 2006

Poesia


"Gastei uma hora pensando em um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira."

Carlos Drummond de Andrade

cá vai um bocadinho... hope you enjoy it!!!



Lua de sabão
"sabes o que eu gostava?
ter fôlego suficiente para fazer uma lua de sabão
redonda, frágil mas intocável
cheia, brilhante mas permanente
nostalgica, romântica mas sorridente
distante, rara mas memorável

uma dessas luas que fazem sonhar
dessas luas que nos lembram que estamos vivos
dessas luas que nos trazem à memória
momentos lindos jamais esquecidos

E depois, sabes o que eu queria?
conseguir rebentar todas as outras luas feitas de lágrimas
aquelas que nos magoam e fazem chorar
que nos lembram que não é assim que queremos estar
..sozinhos, tristes e a pensar que queriamos ter alguém para nos abraçar
aqui, agora, já

antes que este luar
(aquele que ainda é lindo e transparente como uma bola de sabão)
desapareça para sempre
ofuscado pelo eclipse daquele outro
que teima em nos fazer chorar..."
ML Setembro de 2004

sexta-feira, agosto 25, 2006

Um desejo pedido ao Aladino!

seria pedir muito?!?!!?
:-)
(devo confessar que se me cantassem desta forma sentida esta música, acho que até ponderaria a hipótese de me casar ehehehe!!! Não revelem este segredo a ninguém...)
ML

quarta-feira, agosto 23, 2006

A verdade inquestionável do cão de porcelana

Ele era um poeta frustrado.
Tinha ambições muito elevadas de um dia ser melhor que o seu grande ídolo, aquele que se passeava por Lisboa de chapéu e óculos redondinhos falando a quatro vozes, tão marcantes, que à primeira vista se estranham mas facilmente depois se entranham.
O pseudo-poeta com ambições a PESSOA de quem vos falo ronda os 40 anos e insiste em andar de bigode apesar desse bigode já não ser do seu tempo. Creio que o deve ter, na esperança que esse lábio farfalhudo lhe traga a inspiração suficiente para acobreado pela homenagem, se sentar ao lado do Outro na brasileira.
A sua “bíblia” trá-la sempre consigo, amarela esfarrapada, a cheirar a mofo e com muitas lágrimas absorvidas pelas suas páginas. Essa “bíblia”, a edição de poemas mais que lidos do Outro, cheira a tristeza e a nostalgia, a felicidade e a esperança. O dia que a comprou numa feira de antiguidades e alfarrabistas algures (onde mais poderia ser) lá para os lados do Chiado, está registado na sua agenda que guarda com todo o carinho.
10 de Junho de 1973, o dia em que descobriu que não era a medicina que herdara de família que iria seguir. O dia em que descobriu que a sua vocação era de facto tratar do coração dos outros e faze-los viver, não com o estetoscópio e bisturi, mas sim com a tinta que poderia sair da sua caneta de estimação. E que estima ele tinha por ela... de tal forma que a guarda até hoje. Afinal não foi com ela que o primeiro verso nasceu?! Guarda-a, mesmo não escrevendo há anos, a ela e à sua sucessora em tudo igual à primeira, incluindo a forma como a tinta acabou sem hipótese de ser substituída.

Agora, com outra caneta nova, mais moderna e sem pretensões a substituir o que quer que seja apenas existindo para o que foi criada, ele percorre as ruas de Lisboa. Todos os dias segue os mesmos passos que o Outro seguiu um dia, visita os cafés que ele visitava. Fica horas na esplanada do Martinho a olhar para a praça majestosa e à espera que esta lhe traga um dia finalmente a Luz. Estes passos rotineiros só são interrompidos com as idas (elas de si já também algo rotineiras) a todas as editoras à procura que um dia alguém encontre nele o talento que ele próprio, por mais que queira não consegue ver.

O cãozinho de porcelana que a vizinha tem à janela, todos os dias o vê sair e voltar cada vez com a cara mais escondida e com os ombros mais descaídos que a anterior. Porque raio ele insiste em superar alguém que para ele é obviamente insuperável?! Porque raio ele não segue o seu caminho e não vai, como diz o Outro, para onde o vento o levar, sem se preocupar... até um cão de porcelana estático à janela da vizinha consegue ver isso, que raio...
ML

terça-feira, agosto 22, 2006

Façam figas!!!


Acreditem que é por uma boa causa :-)

segunda-feira, agosto 21, 2006

Bichinho Carpinteiro

Meu Deus, eu só pensava na Rueff e na personagem que a levou a criar o Zé Manel Taxista!! Diz que foi alguém que lá foi a casa. Diz que era de tal modo “mítico” que teve de criar um boneco para a personagem… e eu digo-vos que já tive a minha dose com o P. (é mais seguro ocultar-lhe a identidade) – o BICHO CARPINTEIRO.

P. - Eh pá ó C R I S T I N A, já cortei o cabelo, bebi duas bicas, fui à estação ver os horários e até tava numa de ir pró Meco a ver se apanhava um solinho… sim porque no Verão deixo às 4/5 da tarde! – entrou a matar após o meu tranquilo “Olá P., está tudo bem?"

6ª Feira, final de tarde. Vinha fazer-me a mesa de exterior, um capricho nosso. O certo é que ele (o P.) trabalha bem as madeiras e, apesar de ter um feitio soviético e de ser completamente imprevisível, tem-me um estranho respeito e lá vai cumprindo sem grandes deslizes.

Quem me conhece sabe que atraio loucos, provavelmente porque estes percebem em mim alguma apetência (e paciência) para aturá-los (que gozo me dá tantas vezes). E eu provoco.

No caso do P., reviro-me com o olhar fundo de garrafa nuns óculos-riscados-de-ir-ao-chão, canto da boca arregalado à “esquerda” e cabelo tão espetado quanto os seus já quase 50 anos permitem!
P. - Ya, Ya a sua sorte é que eu até gosto da sua personalidade ó C R I S T I N A, se não….
Bom, nem quero saber mais. Fiz-lhe uma partida: enquanto “assassinava as madeiras” coloquei o DVD dos Pink Floyd que a minha amiga Guapa me ofereceu e esperei para ver a reacção.

P. - Eh pá ó C R I S T I N A, ganda som!
C. – Gosta? Eu sabia… (riso malicioso)
P. – Curto, curto. Eh pá mas continuo sem perceber algumas músicas dos gajos pá… (com o dedo indicador a empurrar os óculos contra o nariz)
C. – Pois, imagino… são músicas complexas que não se devem ouvir em qualquer altura, né?! (e ao mesmo tempo pensava “é óbvio que não entendes peva!”)
P. – Mas n’é o inglês que não percebo! É a onda, o que querem dizer com aquilo… um gajo fica assim pró pensativo.
C. - (como é que me fui esquecer que ele tem uns 20 anos de Ferry Street????!!!) Então não vê grande parte das letras eram escritas sob efeito de drunfos?! É preciso ter a mente muito aberta para lá chegar.
P. – Ya! Isso sei eu ó C R I S T I N A! Tava era a ver se você sabia quais drunfos para eu tomar também!!! (riso histérico com roncos)
C. - … (toma lá para não te armares em provocadora, piu)

É óbvio que ele tem um ajudante (qual D. Quixote, com moinhos de clientes), e é óbvio que o ajudante nem pia. O P. pia por ele, chegou mesmo a atender-lhe o telemóvel quando a mulher dele ligou:

P. - Ele agora não pode atender e já te disse que não curto quando ligas enquanto o gajo está a trabalhar!

A. – (trémulo e pianíssimo) ó mor, já ligo quando acabar aqui o cliente…

E eu de bancada. Literalmente. Porque entre “Ya’s” e “So what’s” a minha mesa de exterior ficou à maneira!

Caranguejola

"Ah, que me metam entre cobertores,
E não me façam mais nada!
...Que a porta do meu quarto fique para sempre fechada,
Que não se abra mesmo para ti se tu lá fores!

Lã vermelha, leito fofo.
Tudo bem calafetado
...Nenhum livro, nenhum livro à cabeceira
...Façam apenas com que eu tenha sempre a meu lado
Bolos de ovos e uma garrafa de Madeira.

Não, não estou para mais; não quero mesmo brinquedos.
P'ra quê? Até se mos dessem não saberia brincar
...Que querem fazer de mim com estes enleios e medos?
Não fui feito p'ra festas.
Larguem-me! Deixem-me sossegar!
...Noite sempre p'lo meu quarto.
As cortinas corridas,
E eu aninhado a dormir, bem quentinho - que amor!
...Sim: ficar sempre na cama, nunca mexer, criar bolor
-P'lo menos era o sossego completo...

...Quanto a ti, meu amor, podes vir às quintas-feiras,
Se quiseres ser gentil, perguntar como eu estou.
Agora no meu quarto é que tu não entras, mesmo com as melhores maneiras.
Nada a fazer, minha rica. O menino dorme. Tudo o mais acabou."
Mário de Sá Carneiro

pra quem liga a isto dos signos... haverá melhor retrato!?!?!?

ML

quarta-feira, agosto 16, 2006

Qdo as novas tecnologias nos entendem...

É incrivel como a aleatoriedade do i-tunes tem esta capacidade... Músicas que nos apalpam o coração e o conseguem ler, nem que seja por breves palavras!
(sim, e com esta confirmo a teoria do blog ser demasiado intimista!! paciencia amigos...)


Ao Meu Encontro Na Estrada
by Jorge Palma

"Disseste que vinhas
E não chegaste
Mudaste de planos, ok
Mas isso deitou-me tão abaixo
Espero que tenhas pensado bem
Estou triste que só eu sei
Preciso de alguém
Chaminés pretas deslizam
Nas janelas de mais um comboio
Casas e pessoas
Feias árvores falidas
E um céu angustiado
Tal é o meu quadro
Estou bem chateado
E agora toca a arranjar o buraco
Que eu tenho no coração
Vou mudar de cenário
Que a coisa assim está mal parada
Vou procurar calor
Mudar de estação
Há-de vir alguém
Ao meu encontro na estrada
Pensei tanto em ti
Que não calculas
De manhã, à tarde e ao anoitecer
Andava louco de contente
Só com a ideia de te voltar a ver
Ahh, mas que grande idiota
Voltei a perder
Procuro no fumo e no vinho
A forma de chegar depressa à fronteira
Mas sei muito bem que a dor que sinto no peito
Não vai com a bebedeira
Pus-me a voar a cair
Da pior maneira
E agora toca a arranjar o buraco
Que eu tenho no coração
Vou mudar de cenário
Que a coisa assim está mal parada
Vou procurar calor
Mudar de estação
Há-de vir alguém
Ao meu encontro na estrada
Há-de vir alguém
Ao meu encontro na estrada"


(e mais não digo)

Podem fossilizar à vontade

mas antes disso, que nos continuem a dar CONCERTOS como este foi: FANTÁSTICO!!!!!

"And you can't always get what you want, honey.
You can't always get what you want.
You can't always get what you want.
But if you try sometimes, yeah,
You just might find you get what you need!"

quinta-feira, agosto 10, 2006

nós VOZ eles


O dia ainda não acabou e já sinto que foi diferente.

Há coisas que não se explicam… sabemos que quando batalhamos muito por uma coisa, a probabilidade de a virmos a ter é grande. Mas tantas vezes que investimos este mundo e o outro, acreditamos e o resultado deixa algo a desejar… mas in a glance of an eye estás perante a lifetime opportunity e, desta vez, pouco fizeste para tê-la – apenas existes!

Nós (eu e eu) queremos muito, gostávamos muito, achamos que é mesmo isto, estamos cheios de power… Voz, música da muito boa para o meu ouvido, firme e forte. Voz das novas, palavras outras, ideias mais. Eles, dizem que sim, dizem que não esperam de mim outra coisa.

Não queremos ter pena, queremos a galinha toda!

terça-feira, agosto 08, 2006

Lembranças

"Lembras-me uma marcha de Lisboa
Num desfile singular.
Quem disse
Que há hora e momento para se amar?
Lembras-me uma enchente de mare,
Com uma calma matinal.
Quem foi, quem disse
Que o mar dos olhos tb sabe a sal.
As memórias são como livros escondidos no pó,
As lembranças são os sorrisos que queremos rever devagar.
Queria viver tudo numa noite
Sem perder a procurar
O tempo ou espaco
Que é indiferente pra poder sonhar.
As memórias são como livros escondidos no pó,
As lembranças são os sorrisos que queremos rever devagar.
Quem foi que provocou vontades e atiçou as tempestades e
Amarrou o barco ao cais?
Quem foi que matou o desejo e arrancou um lábio ao beijo e amainou os vendavais?
As memórias são como livros escondidos no pó,
As lembranças são os sorrisos que queremos rever devagar."
Memória de um beijo, Trovante

(a por foto um dia que comece a digitaliza-las...)

sexta-feira, agosto 04, 2006

PARABÉNS!!!!!!



por seres uma pessoa
ÚNICA
CRIATIVA
INTERESSANTE
INTELIGENTE
DE BOM GOSTO
ATENCIOSA
BOA OUVINTE
DAS MELHORES AMIGAS DE SEMPRE
enfim
FANTÁSTICA E RARA!!!!!!!

BEIJOS AOS MILHARES