segunda-feira, agosto 21, 2006

Bichinho Carpinteiro

Meu Deus, eu só pensava na Rueff e na personagem que a levou a criar o Zé Manel Taxista!! Diz que foi alguém que lá foi a casa. Diz que era de tal modo “mítico” que teve de criar um boneco para a personagem… e eu digo-vos que já tive a minha dose com o P. (é mais seguro ocultar-lhe a identidade) – o BICHO CARPINTEIRO.

P. - Eh pá ó C R I S T I N A, já cortei o cabelo, bebi duas bicas, fui à estação ver os horários e até tava numa de ir pró Meco a ver se apanhava um solinho… sim porque no Verão deixo às 4/5 da tarde! – entrou a matar após o meu tranquilo “Olá P., está tudo bem?"

6ª Feira, final de tarde. Vinha fazer-me a mesa de exterior, um capricho nosso. O certo é que ele (o P.) trabalha bem as madeiras e, apesar de ter um feitio soviético e de ser completamente imprevisível, tem-me um estranho respeito e lá vai cumprindo sem grandes deslizes.

Quem me conhece sabe que atraio loucos, provavelmente porque estes percebem em mim alguma apetência (e paciência) para aturá-los (que gozo me dá tantas vezes). E eu provoco.

No caso do P., reviro-me com o olhar fundo de garrafa nuns óculos-riscados-de-ir-ao-chão, canto da boca arregalado à “esquerda” e cabelo tão espetado quanto os seus já quase 50 anos permitem!
P. - Ya, Ya a sua sorte é que eu até gosto da sua personalidade ó C R I S T I N A, se não….
Bom, nem quero saber mais. Fiz-lhe uma partida: enquanto “assassinava as madeiras” coloquei o DVD dos Pink Floyd que a minha amiga Guapa me ofereceu e esperei para ver a reacção.

P. - Eh pá ó C R I S T I N A, ganda som!
C. – Gosta? Eu sabia… (riso malicioso)
P. – Curto, curto. Eh pá mas continuo sem perceber algumas músicas dos gajos pá… (com o dedo indicador a empurrar os óculos contra o nariz)
C. – Pois, imagino… são músicas complexas que não se devem ouvir em qualquer altura, né?! (e ao mesmo tempo pensava “é óbvio que não entendes peva!”)
P. – Mas n’é o inglês que não percebo! É a onda, o que querem dizer com aquilo… um gajo fica assim pró pensativo.
C. - (como é que me fui esquecer que ele tem uns 20 anos de Ferry Street????!!!) Então não vê grande parte das letras eram escritas sob efeito de drunfos?! É preciso ter a mente muito aberta para lá chegar.
P. – Ya! Isso sei eu ó C R I S T I N A! Tava era a ver se você sabia quais drunfos para eu tomar também!!! (riso histérico com roncos)
C. - … (toma lá para não te armares em provocadora, piu)

É óbvio que ele tem um ajudante (qual D. Quixote, com moinhos de clientes), e é óbvio que o ajudante nem pia. O P. pia por ele, chegou mesmo a atender-lhe o telemóvel quando a mulher dele ligou:

P. - Ele agora não pode atender e já te disse que não curto quando ligas enquanto o gajo está a trabalhar!

A. – (trémulo e pianíssimo) ó mor, já ligo quando acabar aqui o cliente…

E eu de bancada. Literalmente. Porque entre “Ya’s” e “So what’s” a minha mesa de exterior ficou à maneira!

1 comentário:

tuBo em cima disse...

o verdadeiro carpinteiro com bicho ó CRISTINA!!!!!
;-)