Assim aparentemente e pelo título, os mais distraídos ou menos bem informados achariam que seria mais um filme português, algures entre o Crime do Padre Amaro e a Zona J, a retratar a Nova Lisboa com gentes (de origem muito próxima à sua antiga colonizada homónima) e vivências cada vez mais aproximadas daquelas a que nos vamos habituando de ver nos filmes americanos dos subúrbios das grandes cidades.
Para outros mais regionalistas, este seria um filme a não ver sobre "os mouros", esses gajos com a mania que o mundo é só deles e tudo o que se passa de importante tem de ser sempre à volta dos seus umbigos (título muito mal escolhido se tiver como objectivo ser visto em terras do norte).
Mas o filme não é nada disso. É um documentário. É uma história de vidas reais, inacreditavelmente, mas reais. Consegue mostrar que esta nossa tão famosa hospitalidade lusa não será tanto assim... hospitalidade talvez, mas apenas em situações temporárias.
Este filme trata sim de novos "lisboetas" mas mesmo com mtas e mtas """"""""""". Estes são os "Lisboetas" provenientes de outras latitudes e que procuram em Lisboa, não a sua tão turística luz a bater nas sete colinas com fado como pano de fundo e pasteis de Belém à acompanhar as bicas, mas sim a Lisboa dos Euros que tanto lhes fazem falta nos seus países de origem.
E todos eles procuram esses Euros a todo o custo, tendo de ultrapassar muitos e variados obstáculos, que vão desde a burocracia tão tipicamente nossa agravada em muitos dos casos pela complexidade da língua que não se percebe melhor (contrariamente ao que se pensa) falando-a mais alto, passando pela "qualidade" e acessibilidade dos nossos sistemas de saúde e educação, e finalizando com a "exploração" conseguida quando o procurado são trabalhos em que de facto nenhum dos outros Lisboetas, os de origem (se é que estes existem), sequer ousam em pensar fazer um dia, nem que seja por "brincadeira".
Resta-lhes aproveitar bem todos os preciosos euros conseguidos após esta maratona e meia de obstáculos, e gozar aquilo que temos de melhor: o nosso sol, o nosso rio, a nossa praia e a eterna esperança que muitos (espero eu) vamos tendo, de que um dia será tudo diferente!
O sucesso deste filme e todas as lágrimas e nós no estômago que ele provoca não serão sinónimo dessa esperança?!?!?!?!
Ou serei eu (e os miúdos que brincavam nos jogos d'água do martim moniz) demasiado optimista?!?!!?
Para quem ainda não viu, o conselho de não o perder. (por cá está apenas no Nimas).
quinta-feira, maio 11, 2006
LISBOETAS
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9 comentários:
Nao sou de Lisboa, estou em Lisboa... sou um "lisboeta".
Ser lisboeta tem coisas boas, coisas menos boas...
Tem coisas novas, coisas de que sentimos falta...
Ser um lisboeta é uma aventura onde uns tem mais sorte que outros, ja que podemos viver Lisboa de mil e uma formas... muitas destas formas de viver Lx passam-nos despercebidas.
Por estas e por outras vale a pena ver "os lisboetas". Recomendo fortemente.
está na lista, Nimas é um cinema simpático tb :)
mainobo, em comentário ao "nimas é um cinema simpático" desafio-te a relatares o que achaste dessa sala após a tua estreia como "visitante" por aquelas paragens ;-)
Gostei muito do Nimas. Achei o interior do edificio com um ambiente muito "Kubrick" (o que só pode ser bom). Mas no Nimas nem tudo são rosas... o desnível entre as filas de cadeiras é pouco e como se sentou um cabeçudo à minha frente passei o filme a torcer o pescoço para um lado e para o outro para tentar ler as legendas (que felizmente eram poucas!) Enfim, pormenores... :)
LOLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL
já me esquecia desse "pequeno" detalhe. referia-me mm ao teu sentido observador e apreciador tão aguçado! achei imensa piada!!!!
Morei em Lisboa sete anos. O que mais sinto falta são dos cartazes colados nas paredes que nos mantêm sempre a par de tudo. Exposições, teatro, cinema, bailados.
A propósito já foram ver a Frida Kahlo?
como eu te percebo amiga... sim fui ver a frida. Se ainda não viste tens de te apressar pq está quase no fim, e já agora se vieras apita pra irmos beber um café e comer um pastel de belém! A exposição é interessante mas é pequena, muitafoto e poucos quadros. De qq das formas vale a pena. Que vida de sofrimento aquela... além do talento acho que não teve mesmo mais nada de bom!!! Como é possível alguém viver uma vida inteira de contratempos e obstáculos....... qto às actividades culturais vai-nos espreitanto que nós vamos comentando uma ou outra! bjs
As bloguistas deste blog devem estar de rastos. 18 km!!!!! deve ser por isso que desde 5ª feira que não acontece nada de novo aqui. Belos tempos em que havia coisas fresquinhas todos os dias. Agora por fresquinhas... Apetecia-me uma bola de berlim... Nham Nham...
não quero que te falte nada amiga... olhá bola de berlim!!! é com creme ou sem creme
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